A praça no bairro do Cambuí, em Campinas, a 93 km de São Paulo, estava cheia no início da tarde desta quinta-feira (5). “É ele?”, perguntava uma mulher no local. “Mas que maldade. Querer tirar o bichinho daqui”, protestava outra. “Ô gente sem coração”, dizia uma terceira. Uma quarta mulher parou o carro em frente ao local e perguntou: “ele ainda está aí? Acabei de ver na internet. Ele tem que ficar”, afirmava. “O Bob virou estrela”, resumiu um dos 19 taxistas do Ponto de Táxi Santa Cruz ao ver e ouvir toda a movimentação, inclusive de jornalistas e fotógrafos, ao redor do cachorrinho vira-lata que há nove anos mora na praça de mesmo nome.
Bob, como foi batizado, virou o assunto da cidade depois que a prefeitura informou aos taxistas que o animal teria que deixar o local. Na segunda-feira (5), a Secretaria Municipal de Saúde aplicou um auto de infração contra os taxistas por manterem o cachorro solto na praça “causando risco de agressão aos frequentadores do local”, segundo denúncias.No mesmo documento, a secretaria dava 72 horas para que o cachorro fosse tirado da praça, prazo esse que expirava às 14h desta quinta. Mas no horário limite, a secretaria informou que não ia mais retirá-lo porque a ONG União Protetora dos Animais (UPA) havia entrado com um pedido de adoção. Enquanto não sair a resposta, dando ou não a guarda do bicho, ele deve permanecer na praça.
Sem agressão “Como ele já está aqui há nove anos, tomou posse do pedaço. O lar dele é aqui. Ele chegou com seis meses de idade", conta o taxista Antonio José dos Reis, que há 16 anos trabalha no ponto. "Às vezes ele está aqui sentado quietinho, alguém vê e vem pegar nele. Ele se assusta, late. Mas ele nunca mordeu ninguém que eu tenha visto”, disse o taxista.Colega de Antonio e há 30 anos trabalhando no Ponto Santa Cruz, o taxista Cassiano Arruda endossava a afirmação do amigo de trabalho. “O Bob veio parar aqui há muito tempo. Ele chegou acompanhando um carrinho de reciclagem. Era um filhote ainda. Chegou com as patas todas feridas e nós cuidamos dele", disse. "Ele foi ficando. As pessoas passavam, viam e traziam comida. Hoje ele tem um fã clube de cerca de cem pessoas que vêm aqui na praça só por causa dele. Trazem cobertor, biscoitinho, levam para o pet shop. Todo mundo ama ele”, contou. Para demonstrar que desejam a permanência do animal na praça, os taxistas fizeram até um abaixo-assinado. Por volta das 14h30, mais de 80 assinaturas de moradores da região foram coletadas. Uma delas era da designer de interiores Maria Aparecida Toledo, que mora há uma quadra da praça, trabalha em frete ao local e corre no local todos os dias. “A presença do Bob aqui anima as pessoas. Nesses dois últimos dias ele estava maio sumido. Acho que por causa dos rumores da saída dele. A gente sentiu falta. Mas hoje ele está aqui de volta, correndo e pegando a bolinha. Ele é o mascote dessa praça.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário